Adaptação escolar

A adaptação escolar é um período crucial e sensível para todos os envolvidos: crianças, pais e educadores.
A mãe, que até então mantinha seu filho sob seus cuidados durante todo o dia, precisa lidar com a ideia de que a criança precisará ficar fora de casa por algum tempo, e, principalmente, fora de seu alcance físico. Esse processo desperta uma série de sentimentos, que vão desde a angústia da separação até as questões práticas cotidianas.

Algumas perguntas comuns, que refletem claramente esses sentimentos, são as seguintes:

  • Estou abandonando meu filho?
  • Ele me culpará por essa decisão?
  • O choro constante dele pode deixá-lo traumatizado?
  • Será que ele será bem tratado?

Ao longo de minha experiência profissional, já recebi uma variedade de questionamentos sobre esse processo. Uma adaptação bem-sucedida é aquela que não apenas acolhe a criança, mas, sobretudo, acolhe a família. Partindo do pressuposto de que casa e escola são parceiras na educação dos pequenos, não podemos negligenciar a participação dos pais nesse processo. Assim como as crianças, os pais também necessitam de acolhimento, tranquilidade e segurança em relação à escola, e precisam passar por uma adaptação à nova situação.

Como adaptar pais e filhos?

  1. Permitir que os pais permaneçam no ambiente escolar durante o período de adaptação, acompanhando a rotina escolar e observando como o filho se comporta no novo ambiente. Essa experiência proporciona aos pais uma melhor compreensão do espaço e dos educadores com quem a criança passará o tempo.

  2. Compartilhar informações relevantes sobre os hábitos da criança, como alimentação, sono e higiene, com os educadores, para garantir que todos os cuidados sejam atendidos conforme as necessidades específicas do aluno.

  3. Permitir que os pais participem das atividades iniciais relacionadas aos cuidados diários, como a troca de fraldas, o banho, as sonecas e as brincadeiras. Isso ajuda a garantir que os pais se sintam seguros em relação aos cuidados prestados e ao ambiente escolar.

Todas as dúvidas devem ser esclarecidas pela coordenação ou direção da escola. A equipe escolar tem como missão acompanhar o processo de adaptação, buscando minimizar os sentimentos de ansiedade, angústia e preocupação dos pais, e garantindo que a criança esteja confortável e bem-cuidada.

Durante a adaptação, a criança passará a conhecer um novo universo, composto por novas pessoas, ambientes, amigos, sons e rotinas. Portanto, o tempo, a paciência, a abertura ao novo e o diálogo são componentes essenciais desse período. A criança precisa sentir-se acolhida, valorizada e, acima de tudo, segura. Como as novidades são muitas, as emoções também são intensas, e cada criança levará seu próprio tempo para processá-las.

Dicas para facilitar o período de adaptação:

  1. Evite iniciar a adaptação junto a outras mudanças significativas, como a troca de quarto, mudança de residência, abandono de hábitos como o uso de chupeta e fralda, a perda de um ente querido ou animal de estimação, o desmame ou a chegada de um irmão. Essas alterações podem sobrecarregar a criança emocionalmente.

  2. A mãe deve entregar a criança à professora. Ao realizar essa atitude, a mãe demonstra confiança na escola e na educadora, transmitindo ao filho esse mesmo sentimento de segurança e confiança, o que facilita a transição.

  3. Nunca saia do ambiente escolar sem se despedir do seu filho. Embora essa atitude possa causar choro momentâneo, é importante que a criança compreenda que a separação é temporária e que o retorno para buscá-la está garantido.

  4. Respeite o espaço da sala de atividades. A presença de pais nas primeiras atividades escolares deve ser feita somente quando solicitada pela professora, já que, caso contrário, pode interferir na adaptação dos outros alunos.

Durante o período de adaptação, é comum que a criança apresente mudanças em seu comportamento, como agitação, irritabilidade, ansiedade e alterações nos hábitos alimentares, de sono e evacuação. Também podem surgir sintomas psicossomáticos, pois a mente, na tentativa de processar tantas emoções, acaba se manifestando fisicamente, com sinais como febre, vômitos e diarreia.

É importante lembrar que cada criança tem seu próprio modo de reagir a essas mudanças. Devemos respeitar o perfil individual de cada uma e procurar agir de forma alinhada a esse perfil. Dessa forma, o processo de adaptação será mais fácil e agradável para todos os envolvidos.