Algumas perguntas comuns, que refletem claramente esses sentimentos, são as seguintes:
- Estou abandonando meu filho?
- Ele me culpará por essa decisão?
- O choro constante dele pode deixá-lo traumatizado?
- Será que ele será bem tratado?
Ao longo de minha experiência profissional, já recebi uma variedade de questionamentos sobre esse processo. Uma adaptação bem-sucedida é aquela que não apenas acolhe a criança, mas, sobretudo, acolhe a família. Partindo do pressuposto de que casa e escola são parceiras na educação dos pequenos, não podemos negligenciar a participação dos pais nesse processo. Assim como as crianças, os pais também necessitam de acolhimento, tranquilidade e segurança em relação à escola, e precisam passar por uma adaptação à nova situação.
Como adaptar pais e filhos?
Permitir que os pais permaneçam no ambiente escolar durante o período de adaptação, acompanhando a rotina escolar e observando como o filho se comporta no novo ambiente. Essa experiência proporciona aos pais uma melhor compreensão do espaço e dos educadores com quem a criança passará o tempo.
Compartilhar informações relevantes sobre os hábitos da criança, como alimentação, sono e higiene, com os educadores, para garantir que todos os cuidados sejam atendidos conforme as necessidades específicas do aluno.
Permitir que os pais participem das atividades iniciais relacionadas aos cuidados diários, como a troca de fraldas, o banho, as sonecas e as brincadeiras. Isso ajuda a garantir que os pais se sintam seguros em relação aos cuidados prestados e ao ambiente escolar.
Todas as dúvidas devem ser esclarecidas pela coordenação ou direção da escola. A equipe escolar tem como missão acompanhar o processo de adaptação, buscando minimizar os sentimentos de ansiedade, angústia e preocupação dos pais, e garantindo que a criança esteja confortável e bem-cuidada.
Durante a adaptação, a criança passará a conhecer um novo universo, composto por novas pessoas, ambientes, amigos, sons e rotinas. Portanto, o tempo, a paciência, a abertura ao novo e o diálogo são componentes essenciais desse período. A criança precisa sentir-se acolhida, valorizada e, acima de tudo, segura. Como as novidades são muitas, as emoções também são intensas, e cada criança levará seu próprio tempo para processá-las.
Dicas para facilitar o período de adaptação:
Evite iniciar a adaptação junto a outras mudanças significativas, como a troca de quarto, mudança de residência, abandono de hábitos como o uso de chupeta e fralda, a perda de um ente querido ou animal de estimação, o desmame ou a chegada de um irmão. Essas alterações podem sobrecarregar a criança emocionalmente.
A mãe deve entregar a criança à professora. Ao realizar essa atitude, a mãe demonstra confiança na escola e na educadora, transmitindo ao filho esse mesmo sentimento de segurança e confiança, o que facilita a transição.
Nunca saia do ambiente escolar sem se despedir do seu filho. Embora essa atitude possa causar choro momentâneo, é importante que a criança compreenda que a separação é temporária e que o retorno para buscá-la está garantido.
Respeite o espaço da sala de atividades. A presença de pais nas primeiras atividades escolares deve ser feita somente quando solicitada pela professora, já que, caso contrário, pode interferir na adaptação dos outros alunos.
Durante o período de adaptação, é comum que a criança apresente mudanças em seu comportamento, como agitação, irritabilidade, ansiedade e alterações nos hábitos alimentares, de sono e evacuação. Também podem surgir sintomas psicossomáticos, pois a mente, na tentativa de processar tantas emoções, acaba se manifestando fisicamente, com sinais como febre, vômitos e diarreia.
É importante lembrar que cada criança tem seu próprio modo de reagir a essas mudanças. Devemos respeitar o perfil individual de cada uma e procurar agir de forma alinhada a esse perfil. Dessa forma, o processo de adaptação será mais fácil e agradável para todos os envolvidos.