Crianças agitadas na escola: como agir e quando se preocupar?

É comum encontrarmos crianças mais inquietas, que parecem ter uma energia inesgotável, se movimentam muito, falam bastante e têm dificuldade para esperar sua vez. Isso, por si só, não é motivo para alarde. Afinal, a infância é uma fase marcada pelo movimento, pela curiosidade e pela busca constante por estímulos. Mas até que ponto esse comportamento é esperado? E quando ele pode indicar algo que merece mais atenção?

Entendendo o comportamento agitado

Primeiro, é importante diferenciar o que é agitação típica do desenvolvimento do que pode estar ligado a alguma dificuldade emocional ou transtorno neuropsiquiátrico. Crianças podem estar mais agitadas por diversos motivos: excesso de estímulos, falta de sono adequado, rotinas desorganizadas, ansiedade, mudanças no ambiente familiar ou escolar, ou simplesmente por estarem passando por uma fase de desenvolvimento mais intenso.
Nesse cenário, o papel da escola e da família é observar com empatia e responsabilidade, oferecendo um ambiente acolhedor, com rotinas estruturadas, limites claros e oportunidades para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais — como autocontrole, empatia e resolução de conflitos.

Quando acende o sinal de alerta?
  • Alguns comportamentos, no entanto, podem indicar a necessidade de uma avaliação mais aprofundada. Fique atento quando:
  • A agitação é persistente e ocorre em diversos contextos (em casa, na escola, em momentos de lazer);
  • Há prejuízo nas relações sociais ou na aprendizagem;
  • A criança não consegue permanecer sentada ou focada nem por curtos períodos, mesmo em atividades que gosta;
  • Apresenta impulsividade que coloca ela ou os outros em risco;
  • Demonstra irritabilidade frequente ou dificuldade exagerada para lidar com frustrações.
Nesses casos, é essencial buscar uma escuta qualificada — com psicólogos escolares ou clínicos, orientadores educacionais e, se necessário, neurologistas ou psiquiatras infantis. O diagnóstico de transtornos como o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), por exemplo, exige uma avaliação criteriosa e cuidadosa, baseada em múltiplas fontes e não apenas em comportamentos isolados.

Caminhos para o acolhimento e a intervenção:
  • A melhor conduta com crianças agitadas é sempre partir da escuta, do acolhimento e da parceria entre família e escola. Algumas estratégias que fazem a diferença:
  • Estabeleça rotinas previsíveis e claras;
  • Evite rótulos como “bagunceiro” ou “difícil” — eles ferem a autoestima e não ajudam no processo de mudança;
  • Reforce positivamente os comportamentos adequados;
  • Ofereça oportunidades para o movimento: pausas ativas, jogos corporais e atividades ao ar livre podem ajudar a regular a energia;
  • Invista no desenvolvimento das habilidades socioemocionais, com escuta ativa, ensino explícito de autocontrole e empatia.

Lembrando sempre: nem toda agitação é um transtorno, mas toda criança merece ser compreendida em sua singularidade. Quando há dúvida, buscar ajuda especializada é um ato de cuidado e prevenção.