Agressividade Infantil: Análise e Abordagem em Crianças Pequenas
A agressividade é um tema frequentemente discutido entre pais e educadores, gerando preocupação e questionamentos. Muitas vezes, surge a dúvida: "Meu filho é agressivo? Ele morde, bate, empurra e puxa cabelo."
Primeiramente, é importante compreender que as crianças pequenas estão em fase de descoberta do mundo ao seu redor, e para isso, necessitam experimentar e testar suas interações. Durante essa fase de desenvolvimento psicomotor, emocional e cognitivo, as crianças exploram suas possibilidades à medida que avançam em seu crescimento. Portanto, é impreciso classificar essas ações como agressividade, pois elas fazem parte do processo natural de aprendizagem e desenvolvimento. Nessa fase, a criança ainda desconhece o conceito de agressividade e age por impulso.
Conforme WEITEN (2005), "agressão é qualquer comportamento com a intenção de ferir alguém física ou verbalmente". No entanto, é fundamental lembrar que crianças muito pequenas ainda não possuem a linguagem falada plenamente desenvolvida, utilizando a linguagem corporal como principal forma de comunicação.
Quando uma criança bate em outra durante a disputa por um brinquedo, por exemplo, o que está por trás dessa ação não é necessariamente um comportamento agressivo, mas uma expressão do desejo, que, nesse caso, seria: "Eu quero esse brinquedo". Essa atitude está intimamente ligada ao egocentrismo infantil, uma característica da fase de desenvolvimento em que a criança acredita que tudo deve ser seu. Tal comportamento impulsivo está relacionado ao que ela deseja no momento.
Além disso, as crianças nessa fase também se encontram em uma etapa de imitação. Assim, um comportamento como morder, por exemplo, pode ser aprendido através da observação de outras crianças ou até mesmo dos pais, que, sem perceber, podem estar incentivando esse comportamento ao brincar de forma lúdica com os filhos. Portanto, é importante que os pais evitem brincadeiras como morder, pois as crianças tendem a replicá-las com seus colegas, o que pode causar desconforto e mal-estar nas interações sociais.
Quando uma criança morde, empurra ou bate, é essencial adotar uma abordagem educacional. Deve-se conversar com a criança de forma clara, explicando que essas atitudes não são adequadas e que causam dor ao outro. Ao demonstrar uma expressão facial séria, a criança poderá perceber que o comportamento não foi apropriado. Além disso, deve-se incentivá-la a pedir desculpas, simbolizando a reconciliação, mesmo que seu vocabulário ainda seja limitado.
Importante ressaltar que castigos e ameaças podem ser mal interpretados pela criança, sendo, muitas vezes, vistos como formas de chamar a atenção dos pais ou educadores, em vez de punições. O uso excessivo de castigos pode reforçar comportamentos indesejados e aumentar a ansiedade da criança.
À medida que a criança cresce e sua consciência sobre si mesma e sobre os outros se expande, ela começa a distinguir o certo do errado. Nesse momento, os pais e educadores devem estar mais atentos aos sinais de agressividade, pois esses comportamentos podem refletir sentimentos reprimidos que precisam ser trabalhados adequadamente.
Pesquisadores identificam três tipos principais de agressão nas crianças:
- Agressão instrumental: Utilizada para obter ou reter um objeto desejado, como um brinquedo;
- Agressão reativa: Retaliação impulsiva em resposta a um ato, seja intencional ou acidental;
- Agressão ameaçadora: Ataques agressivos espontâneos, sem provocação direta (BERGER, 2003, p. 202).
É fundamental que os adultos estejam atentos à idade e ao contexto em que essas ações ocorrem, sempre avaliando se houve a intenção de causar dano. Quando necessário, é importante buscar a orientação de profissionais especializados para uma avaliação mais detalhada e estratégias de intervenção adequadas.
A abordagem correta dessas questões contribui para o desenvolvimento emocional saudável da criança, permitindo que ela aprenda a lidar com suas emoções e interações sociais de maneira construtiva.