Como mencionado em publicações anteriores, crianças até os seis anos estão em uma fase caracterizada pela imaginação, na qual ainda não conseguem distinguir plenamente a realidade da fantasia. De maneira geral, as mentiras nessa faixa etária estão relacionadas a aspectos triviais do cotidiano da criança.
As "mentirinhas" iniciais surgem no contexto das brincadeiras, onde a criança inventa papéis, cria objetos e situaçõe que não existem, um processo essencial para o desenvolvimento do pensamento lógico. Por meio da imaginação, a criança aplica o conhecimento absorvido, praticando raciocínio e aprendendo a compreender o mundo ao seu redor. Com o tempo, a fantasia dá espaço à percepção da realidade, embora a imaginação não desapareça completamente. Nessa fase, a criança já começa a discernir entre o certo e o errado.
A seguir, são apresentados alguns dos motivos pelos quais as crianças podem mentir:
- Medo de punições ou repreensões: Conforme a criança adquire uma noção do que é certo e errado, pode mentir como forma de evitar castigos;
- Fuga de responsabilidades: A criança pode mentir para evitar responsabilidades ou tarefas que não deseja cumprir;
- Busca de atenção: A mentira pode ser utilizada para chamar a atenção dos pais ou de outras figuras de autoridade;
- Desejo de impressionar os colegas: Mentir para causar uma boa impressão entre os amigos também pode ser um motivo comum;
- Influência dos pais: Se os pais mentem ou demonstram indiferença diante das mentiras da criança, ela pode internalizar essa prática como algo normal.
Nessa fase do desenvolvimento, algumas crianças podem pegar objetos que não lhe pertencem. Nesses casos, pais e educadores devem abordar a situação com clareza, explicando de maneira racional por que a criança não pode tomar algo que não lhe pertence, e reforçando a importância de devolver o item. É fundamental que a criança participe ativamente desse processo de aprendizado, nunca tratando o ocorrido como se nada tivesse acontecido.
Como lidar com a mentira na infância?
- Identificar a diferença entre mentira e fantasia: Primeiramente, é necessário discernir se a criança está inventando uma história ou se está fantasiando.
- Evitar insistência: Caso haja dúvidas sobre a história contada pela criança, evite insistir e peça que ela repita a história em outro momento para comparar as versões.
- Fazer perguntas amplas: Ao questionar a criança, prefira perguntas abertas, como "O que aconteceu na escola?" em vez de perguntas específicas, como "Te bateram na escola?". Isso evita que a criança se sinta pressionada e cria mais espaço para ela expressar a realidade.
- Evitar castigos e repreensões: Broncas ou punições não são eficazes nesse estágio; ao contrário, elas podem aumentar o medo da criança e incentivá-la a mentir ainda mais.
- Valorizar a verdade: Quando a criança falar a verdade, é importante reforçar positivamente esse comportamento, valorizando a sinceridade.
- Mentiras recorrentes: Se a criança mentir frequentemente sobre o mesmo assunto, isso pode refletir sentimentos de ansiedade, angústia ou medo relacionados a uma situação específica. Nesse caso, é importante observar se há algo acontecendo em casa ou na escola que esteja afetando o bem-estar da criança.
- Intervenção profissional: Caso as mentiras persistam de forma recorrente após os sete anos de idade, é aconselhável buscar o apoio de um profissional especializado.
Ensinar a criança sobre os benefícios da verdade e os prejuízos da mentira é uma abordagem eficaz para lidar com esse comportamento.