Vamos abordar, nesta postagem, o estresse infantil, suas causas, sintomas e tratamentos.
Antes de tudo, é importante esclarecer que o termo "estresse" na infância possui uma conotação distinta daquela utilizada na vida adulta. Enquanto os adultos têm a capacidade de percepção e compreensão das situações que os cercam, conseguem imaginar o futuro e, com isso, experimentam sentimentos de medo, preocupação e ansiedade que podem evoluir para um quadro de estresse, as crianças não possuem essa mesma compreensão. Portanto, elas desenvolvem estresse quando expostas a uma sobrecarga emocional ou física, muitas vezes sem a capacidade de analisar ou entender a situação de forma consciente.
O que quero destacar é que, geralmente, as crianças sofrem com influências externas, sem a capacidade de fazer uma análise crítica das situações.
Hoje, o estresse infantil está associado principalmente a três causas:
1. Vivências familiares
Quando os pais estão enfrentando situações adversas, como separações, perdas de entes queridos, brigas familiares, preocupações com saúde, violência, desemprego, entre outras, isso pode gerar um ambiente tenso e estressante para a criança. Mesmo que os pais tentem proteger os filhos de tais situações, nem sempre é possível mantê-los completamente distantes dos impactos emocionais dessas questões. As crianças, por sua natureza, são muito sensíveis e absorvem o estado emocional dos adultos à sua volta, mesmo que não compreendam completamente o que está acontecendo. A negligência ou a ausência afetiva dos pais também pode constituir um fator estressante.
2. Vivências escolares
As pressões escolares e a falta de valorização das particularidades de cada criança pela instituição de ensino podem gerar um quadro de estresse. Além disso, dificuldades nas interações sociais, como o bullying, podem resultar em uma sobrecarga emocional que agrava ainda mais esse cenário.
3. Sobrecarga de tarefas e atividades
Este tema é amplamente discutido atualmente. Muitas crianças têm agendas tão sobrecarregadas quanto as de adultos. Elas enfrentam rotinas que não deixam espaço para brincadeiras e descanso. Vale lembrar da importância do "não fazer nada" na infância; é exatamente nesse momento de inatividade que as crianças organizam e assimilam as informações adquiridas. Crianças com um dia a dia excessivamente atarefado desenvolvem mecanismos físicos e emocionais para lidar com tantas atividades e informações. Com o tempo, esse excesso pode gerar cansaço, e se os pais não perceberem os sinais de sobrecarga, atividades que antes eram prazerosas podem se tornar um fardo, resultando em estresse físico e emocional.
Sintomas do estresse infantil
- Dificuldade para dormir e, em alguns casos, dormem em locais inadequados (escola, restaurante, etc.);
- Aumento da agitação e nervosismo;
- Alterações no apetite (comem mais ou menos do que o habitual);
- Dificuldades em funções cognitivas como atenção, concentração e memória;
- Desinteresse pelos estudos;
- Maior sensibilidade emocional, chorando com facilidade;
- Em casos mais graves, quando os sentimentos ultrapassam os limites da mente da criança, podem ocorrer sintomas físicos (dores de cabeça, dores no corpo, etc.).
Tratamento do estresse infantil
Quando o estresse é causado pela sobrecarga de tarefas, o tratamento pode envolver a simples redução das atividades diárias da criança. Caso os sintomas persistam após essa redução, é necessário procurar ajuda psicológica, pois o quadro de estresse já está consolidado, e será preciso desenvolver um trabalho voltado para o relaxamento e a regulação emocional da criança.
Quando o estresse é decorrente de vivências familiares ou escolares, o tratamento deve envolver um trabalho conjunto entre a família e a escola. Na maioria das vezes, a melhora dos sintomas ocorre quando o ambiente familiar e escolar se torna mais calmo e seguro para a criança.