Neste texto vamos abordar os Transtornos de Aprendizagem e seus aspectos emocionais.
O diagnóstico do Transtorno de Aprendizagem é praticamente clínico, tendo como seu principal instrumento, a observação. Portanto, é fundamental que os profissionais envolvidos com TA tenham profundo conhecimento a respeito de cada transtorno, só desta forma, poderão ajudar os pequenos.
O trabalho multidisciplinar é a melhor maneira para se chegar a um diagnóstico preciso e traçar o tratamento mais eficaz.
Os Transtornos de Aprendizagem são considerados, disfunções cognitivas em determinadas áreas cerebrais responsáveis pela leitura, escrita e cálculo.
Hoje trabalhamos com 5 Transtornos de Aprendizagem:
1 - Dislexia
2 - Disortografia
3 - Disgrafia
4 - Discalculia
5 - Transtorno não verbal de aprendizagem
Vamos então entender cada Transtorno.
1 - Dislexia
Considerada um transtorno de origem neurobiológica, é caracterizada pela dificuldade da criança em reconhecer a palavra. Há uma falha na decodificação e soletração. Como consequência dessa dificuldade a criança fica deficiente no componente fonológico da linguagem. Dificuldade para entender, memorizar, interpretar e raciocinar conteúdos relacionados a leitura e a escrita.
Mas é muito importante diferenciarmos dificuldades escolares ou insuficiência pedagógica de Dislexia.
Alguns pontos que nos auxiliam no diagnóstico:
- História familiar de dislexia, dificuldade de leitura ou qualquer outro transtorno do desenvolvimento;
- Problemas no momento do nascimento;
- Dificuldade no processo de alfabetização, custa a ser alfabetizado;
- Atraso na fala;
- Dificuldade de diferenciar letras e números;
- Esquecimento frequente para aprender palavras, sons de letras, sequencias de letras;
- Pouca compreensão e memorização para rimas, parlendas, músicas e até historinhas;
- Dificuldade para procurar palavras no dicionário;
- Dificuldade na coordenação motora fina, sente cansaço para escrever e dificuldade para distribuir o texto no papel;
- Pouca habilidade com sequencias motoras, passando a sensação de desorganização ou pouca coordenação para este tipo de atividade;
- Dificuldade com atividades espaciais, quebra-cabeças e localização no espaço;
- Dificuldade para lembrar de nomes de objetos e pessoas;
- Pouco prazer com atividades que envolvam livros e materiais didáticos;
A Dislexia não é considerada uma doença, mas precisamos inserir métodos compensatórios para suprir a insuficiência de competência para a leitura.
O suporte escolar é fundamental. A criança com Dislexia tem plena capacidade para chegar a universidade e ser um profissional muito competente, mas precisa dessa ajuda para chegar bem.
Algumas dicas escolares importantes, para ajudar a criança com Dislexia a desenvolver interesse e motivação pelos estudos, melhorando sua autoestima, e tornando a vida acadêmica mais prazerosa:
- Ler as provas para essas crianças;
- Dar mais tempo de prova e permitir que elas revejam as questões, conferindo possíveis confusões e equívocos na hora de ler e escrever;
- Priorizar o conteúdo respondido pelo aluno, e não a ortografia que ele utilizou para responder as questões. Dar a nota focado no conteúdo;
- Permitir nas provas de matemática, o uso de tabuada e de fórmulas prontas para a criança;
- Juntar trabalhos de campo, pesquisas e atividades práticas no somatório das provas, desta forma, a escola levará em consideração outras habilidades.
A criança com Dislexia poderá evoluir para quadros ansiosos, deprimidos e de baixa auto estima, tendo em vista o baixo rendimento escolar e as expectativas não alcançadas(tanto de casa como da escola). Também se sentem inferiores aos colegas por não conseguirem alcançar os mesmos resultados.
Principais características:
- Leitura lenta ou pouco fluente;
- Dificuldade na construção de frases;
- Erros ortográficos;
- Escrita espelhada;
- Dificuldade em absorver frases ou comandos longos;
- Falta de concentração;
- Noções de tempo e espaço prejudicadas.
2 - Disortografia
Esse transtorno geralmente acompanha a dislexia, e é a dificuldade de aprender e desenvolver as habilidades da linguagem escrita, dificuldades na decodificação e formulação da escrita.
Principais características:
- Erros gramaticais;
- Dificuldade para formar textos escritos.
3 - Disgrafia
É caracterizada por um problema motor no ato da escrita.
Principais características:
- Letra ilegível;
- Escrita desorganizada;
- Desorganização geral do texto;
- Letras grandes e pequenas na mesma palavra;
- Espaçamentos irregulares e outros.
4 - Discalculia
É uma desordem neurológica, que afeta a capacidade da criança em compreender e manipular números.
Principais características:
- Dificuldade em manter sequencias numéricas;
- Falta de orientação com relação aos lados esquerdo e direito;
- Confundi os sinais de mais, menos, multiplicar e dividir;
- Dificuldade em compreender o posicionamento dos números, se é maior ou menor;
- Outras desordens numéricas.
5 - Transtorno não verbal de aprendizagem
O transtorno de aprendizagem não-verbal é uma alteração específica no funcionamento do sistema nervoso, caracterizado por prejuízos marcantes no raciocínio matemático, na cognição viso espacial, coordenação motora, percepção sensorial e nas habilidades sociais. Há uma dificuldade por parte da criança em interpretar aspectos não verbais.
Principais características:
- Não tem aptidão para esportes;
- Deixam objetos caírem;
- Dificuldade para desenhar;
- Dificuldade para escrever e recortar;
- Dificuldade para amarrar sapatos;
- Deficiência na orientação espacial;
- Dificuldade em compreender situações sociais, como por exemplo: linguagem corporal e expressões faciais;
- Extrema dificuldade em se adaptar a novas situações e outros.
Em todos os transtornos, há um comprometimento emocional, que vai variar de criança para criança, levando em consideração o temperamento de cada uma e a forma como está sendo conduzida a situação.
Muitas crianças chegam ao consultório com alto nível de ansiedade, o transtorno por si só, já é desgastante, uma vez, que ela está sempre aquém das outras crianças.
Além desse desgaste, há muita cobrança por parte de pais e professores, que obviamente estimulam esta criança ao máximo possível, para que ela consiga alcançar o grupo.
Também precisamos ficar atentos, pois acabam sendo alvo de bullying, por isso a importância do entendimento com relação ao assunto. O tratamento deve ser bem específico para cada criança, levando em consideração todos os aspectos envolvidos (emocionais, cognitivos, motores etc.)
Para ajudar no diagnóstico, sugiro uma equipe multidisciplinar, desta forma, a criança será avaliada em todos os seus aspectos funcionais.
Os testes podem ser usados para ajudar no diagnóstico, mas nunca como única ferramenta. Muitas vezes é preciso mudar a proposta didática do professor, caso contrário, a escola não obterá sucesso com essa criança. Em regra geral os professores não sabem identificar as dificuldades, e isso pode prejudicar a criança retardando o tratamento. As escolas precisam investir em capacitação. Os pais também ficam perdidos, mas, como os transtornos estão ligados a aprendizagem, no geral se manifestam com maior clareza na escola.
Quando não reconhecidos a tempo, podem dificultar o desenvolvimento da criança, resultando em medo, comportamentos inadequados, agressividade, apatia e até o desinteresse.