Meu filho não gosta da professora

Em função das diversas dúvidas e preocupações que surgiram em torno deste tema, vou abordá-lo nesta postagem.
Uma queixa bastante comum no consultório e na prática escolar envolve o relacionamento aluno-professor.

Antes de começar gostaria de ilustrar com um caso.
Uma mãe muito nervosa, disse que seu filho chegou em casa falando que a professora o colocou ajoelhado no milho. Imaginem a aflição desta mãe, tentei controlar seu nervosismo e a incentivei a procurar a escola, expliquei que crianças pequenas fantasiam situações e que às vezes na reprodução dos fatos alteram a realidade.
No dia seguinte ela foi até a escola conversar com a coordenadora e professora, que obviamente tentaram acalmá-la de que nada tinha acontecido, a professora se explicou, dizendo que estavam em aula de artes e fazia parte do material de colagem, sementes, e que algumas crianças acharam interessante as sementes ficarem grudadas em seus joelhos, mãos e cotovelos, já que o material estava espalhado pelo chão. Como a escola trabalha com um sistema de câmera interna, de acesso apenas da direção e da coordenação, a coordenadora pegou a gravação do momento exato da atividade, comprovando que não houve nem de perto qualquer comportamento que pudesse levar a situação relatada pela criança.

Por isso gosto sempre de lembrar que crianças pequenas estão na fase da imaginação e fantasiam situações, também estão adquirindo autonomia e testando nossa autoridade, muitas vezes querem ver nossa reação. Portanto toda vez que uma criança diz não gostar do professor, é preciso avaliar cuidadosamente a questão.
Existem vários motivos que podem levar a criança a esse comportamento e nem sempre a culpa é da escola. Precisamos verificar tudo que cerca a criança (vida escolar e familiar).

Caso a queixa persista, agende um horário com a professora e/ou coordenadora da escola para abordarem o assunto com total honestidade e tentar descobrir o que está havendo.
Na maioria das vezes descobre-se que a criança tem um excelente relacionamento com a professora, mas que ao menor sinal de contrariedade reage desta forma, expressando sua insatisfação através da frase - eu não gosto da professora, neste caso combinam-se procedimentos que serão adotados na escola e em casa, fazendo com que a criança compreenda a necessidade de obedecer às regras e as normas. A tendência natural é que esse período passe e as queixas também.
A atenção maior está no fato de que alguns professores (mesmo os bons) às vezes perdem a dose na introdução do limite, e acabam sendo autoritários e enérgicos demais, nessa situação é possível uma reunião com a coordenação da escola afim de que esta, consiga contornar e gerenciar o comportamento da professora. Assim sendo, cabe aos pais a decisão de manter ou não a criança na escola, caso não percebam nenhuma mudança.

Outra situação bastante importante e que leva a esse sentimento de antipatia, falta de vontade e birra com relação ao professor é a incompatibilidade com sistema de ensino, que pode envolver apenas um professor ou toda filosofia e proposta da escola. Cada criança tem um jeitinho de ser e cada escola também, e nem sempre eles são compatíveis, é preciso avaliar a personalidade da criança e a proposta oferecida pela instituição. Algumas crianças se sentem desestimuladas criando certa resistência com relação ao professor e ao ambiente escolar. A avaliação psicológica pode ser bastante útil, pois através dela avaliamos traços de personalidade e interesses, facilitando na escolha da escola.
Hoje em dia discute-se bastante qual o ideal de pedagogia, muitos textos, cursos e autores estão abordando o assunto.
O que queremos? Filhos felizes e interessados ou apenas preparados?