Habilidades socioemocionais


Com certeza, vocês já ouviram falar das habilidades socioemocionais, este assunto tem sido muito estudado e pesquisado por pessoas da área, e tem estado cada vez mais presente no dia a dia escolar e familiar dos pequenos. Mas antes de entrarmos neste tema, eu gostaria de dar uma breve explicação, a respeito do que são as emoções, pode parecer óbvio, mas muitas pessoas desconhecem seu conceito.

Vamos lá, a emoção é um fenômeno que surge, a partir de uma situação que é relevante para o indivíduo, ou seja, ele acaba direcionando a sua atenção para esta situação. É algo que não depende da gente, simplesmente sentimos. Mas a forma como vivenciamos essas situações, está relacionada a três tipos de respostas:

1 - As fisiológicas, que são as reações físicas que o nosso organismo produz diante de determinada situação;

2 - As subjetivas, que estão relacionadas as minhas vivências ou sentimentos particulares a respeito da situação em questão. Na verdade, existe uma parte de mim, que responde a determinada situação, dada as minhas experiências anteriores e a forma como as encaro. Cada um de nós tem um jeito de ser, portanto, a forma como sentimos também. O que pode ser ruim  para uma pessoa, não necessariamente será para outra. Ex: Alguém que passou uma péssima experiência com cachorros, pode ter uma emoção, diante de situações semelhantes, diferente de quem nunca teve uma experiência ruim com ele;

3 - E por último, as comportamentais, que entram em resposta a emoção, ou seja, a minha ação estará diretamente ligada aquilo que sinto. Sendo assim, é necessário que eu consiga articular meus pensamentos, para que minha ação seja favorável à adaptação ao meio em que estou inserida.
Percebemos então, que as respostas fisiológicas e subjetivas estão mais ligadas a forma de como vou sentir a situação, já a resposta comportamental, está relacionada a minha ação diante do que sinto com a situação.

Um outro questionamento que é muito comum, diz respeito as emoções positivas e negativas, vou tentar esclarecer.
Normalmente, consideramos emoções positivas, a alegria, o amor, a felicidade, e negativas, a tristeza, a raiva, o medo etc. Mas essa percepção é um engano, o que caracteriza uma emoção como positiva ou negativa (podemos chamar também de favoráveis ou desfavoráveis), é a forma como vamos usá-las para nos adaptar ao meio, é a decisão mais acertada para o contexto a que o indivíduo está inserido.
Podemos dizer então, que uma emoção favorável ou positiva, é aquela que nos faz tomar as melhores decisões, caso contrário são emoções desfavoráveis.
Ex: Quando se está diante de um leão sentimos medo, se formos capazes de usar este medo para nos proteger, podemos dizer, que nesse caso, o medo foi uma emoção positiva. 
Ela ocorre em quatro etapas: Situação, atenção, avaliação e resposta.

Agora que já entendemos o que são as emoções, e de que forma, elas chegam até a gente, podemos passar para o conceito de habilidades socioemocionais.

Ouvimos vários termos, educação socioemocional, habilidades socioemocionais e inteligência socioemocional, vamos então, fazer uma breve distinção destes conceitos.

Inteligência emocional é a capacidade do indivíduo, de perceber, reconhecer, regular e gerenciar suas emoções, objetivando a adaptação do seu comportamento ao ambiente, e também, ao uso adequado das suas habilidades cognitivas. Essas habilidades em torno das emoções, precisam orientar nossos pensamentos e ações.

Educação emocional é o ensinamento das habilidades relacionadas as nossas emoções, é o estímulo e aprimoramento necessário, que podemos oferecer, para que nossos filhos e alunos desenvolvam suas habilidades emocionais.

Habilidades socioemocionais são as habilidades necessárias na IE(Inteligência Emocional) e ensinadas na EE(Educação Emocional).

Embora haja uma pequena diferenciação em seus conceitos, todos esses termos caminham na mesma direção, o desenvolvimento das habilidades intrapessoais e interpessoais. Falo das habilidades interpessoais, pois, só podemos desenvolvê-las, quando já fortalecemos nossas relações intrapessoais.
Conhecer suas próprias emoções, saber identificá-las, usá-las e regulá-las, traz a possibilidade de sabermos agir diante das situações da vida, nos tornando capazes de nos adaptar ao meio, usando de forma positiva nossas emoções, e consequentemente sofrendo o menor impacto emocional possível, com relação as situações da vida.

Quanto mais conhecimento tenho a respeito de minhas emoções, mais condições terei, de lidar com elas a meu favor.

Quando pensamos nas habilidades socioemocionais, precisamos ter em mente que não somos uma unidade. A construção do nosso EU, está atrelada ao desenvolvimento de vários aspectos. Aqui, vou focar mais, naqueles que fazem parte do desenvolvimento infantil, o motor, o cognitivo, o emocional e o social. Além disso, falar desse desenvolvimento infantil, nos fará entender a importância de fortalecermos nossas habilidades socioemocionais.

Esses aspectos se complementam ao longo da nossa jornada de desenvolvimento, eles precisam caminhar de mãos dadas, e isso não significa, caminharem na mesma proporção, muito pelo contrário, na primeira infância é muito comum que o desenvolvimento desses aspectos, ocorra de forma desproporcional. Por exemplo, uma criança pode apresentar um desenvolvimento mais adiantado do seu aspecto motor, enquanto o seu aspecto emocional, mantêm-se estagnado, ou até mesmo, um pouquinho "atrasado". O importante é que a gente estimule todos esses aspectos, sem uma ordem de prioridade entre eles, justamente, para permitir que a criança desenvolva o aspecto carente.

Inclusive, observamos essa característica nas Escolas de Educação Infantil que trabalham com berçário. Normalmente, o marco para a saída do berçário é o caminhar, quando a criança já está andando é sinal de que está pronta para a próxima etapa, porém, algumas crianças caminham com 9, 10 ou 11 meses, elas demonstram um salto no seu desenvolvimento motor, mas, ainda, muito imaturas emocionalmente.Contudo, nem todas as famílias compreendem essa evolução, e acabam achando que os outros aspectos também maduraram na mesma proporção. 

Retardar a ida destas crianças para o maternal, não significa atrasá-las em seu processo acadêmico, muito pelo contrário, queremos dar todo o conforto e confiança, para que ela possa, dentro do seu tempo, desenvolver aquilo que é necessário.

Dentro do ambiente escolar, podemos perceber muita ansiedade em torno desse assunto, até porque, é lá que ocorre, a maior parte do processo ensino-aprendizagem. Então, quais são as angustias mais comuns? Será que meu filho vai aprender a ler e escrever, será que absorveu conteúdo necessário para tirar uma boa nota na prova, será que vai passar no ENEM?

Podemos observar que a maior parte das preocupações estão relacionadas a aquisição do conhecimento, ou seja, do desenvolvimento cognitivo. Contudo, o que as pessoas não sabem, é que, atrelado a ele, estão os aspectos emocionais, sociais e motores.

Eu gosto sempre de dar um exemplo, que para quem trabalha em escola, não é novidade. O adolescente, que além de ter um excelente desenvolvimento de seu aspecto cognitivo, é muito estudioso, mas, no dia da prova, sente-se fisicamente indisposto e esquece todo o conteúdo(o famoso branco), tirando uma nota baixa.
Percebam que só o aspecto cognitivo, não foi suficiente para que esse aluno obtivesse bons resultado acadêmicos. Será que faltou inteligência emocional para que ele conseguisse seguir adiante? Reconhecer suas emoções, saber gerenciá-las para adaptá-las da melhor forma possível e obter o comportamento mais adequado à situação em questão, foi o que lhe faltou, impedindo que fizesse o uso adequado de suas habilidades cognitivas. Então, podemos dizer, que sim, faltou inteligência emocional. Ele não conseguiu reconhecer e usar o que estava sentindo a seu favor, fazendo com que saísse prejudicado da situação.
E a inteligência emocional não é conquistada da noite para o dia, precisamos desde cedo inserir uma educação emocional na vida de nossos filhos e alunos, permitindo que eles desenvolvam suas habilidades socioemocionais, para finalmente alcançarem a inteligência emocional necessária para o sucesso de sua vida acadêmica, pessoal e profissional.
Já imaginaram esse mesmo adolescente no mercado de trabalho?
Não podemos ter a ilusão de que vamos colher aquilo que não plantamos.