A mordida é um tema frequentemente debatido entre pais e educadores, gerando preocupações. No entanto, antes de aprofundarmos essa questão, é importante esclarecer alguns pontos.
Crianças na faixa etária de 0 a 2 anos estão em uma fase chamada de "fase oral".
O que isso significa?
Durante essa fase, a satisfação da criança está intimamente ligada à boca. O aleitamento materno, por exemplo, não só proporciona nutrição, mas também envolve a troca afetiva com a mãe, criando um vínculo emocional de carinho, sensibilidade e conforto. Esse processo faz com que o bebê perceba que a boca é um meio de satisfação e prazer. Portanto, é compreensível que a criança associe a boca a uma fonte de prazer e segurança.
Dessa forma, podemos entender o motivo das mordidas, reconhecendo que a criança que morde não o faz por maldade, mas sim como uma expressão natural de sua fase de desenvolvimento.
À medida que a criança cresce e seu conhecimento sobre o mundo se expande, ela começa a perceber coisas que antes não compreendia. Ela aprende a engatinhar, andar, tocar em objetos e interagir com as pessoas. Mesmo assim, ainda coloca tudo na boca, pois nessa fase, o objetivo é explorar e sentir o sabor e a textura dos objetos. O processo de dentição também contribui para esse comportamento, uma vez que os objetos podem proporcionar alívio e conforto para as gengivas.
Com o tempo, a criança desenvolve habilidades motoras e uma maior percepção sobre os outros, começando a compreender sua própria identidade e a interação com figuras importantes, como pais, professores e colegas.
No entanto, mesmo com um grande desenvolvimento cognitivo, a linguagem verbal da criança ainda é limitada. Portanto, como ela pode se comunicar com os outros?
- Através da mordida.
A mordida pode ocorrer em diversas situações, sendo a mais comum a disputa por um brinquedo. Nesse caso, a criança morde um colega na tentativa de obter o objeto desejado. Também pode morder para chamar atenção ou, em alguns casos, até como uma forma de expressar afeto.
Quando isso acontecer, o mais importante é compreender o que a criança quer expressar e incentivá-la a se comunicar de maneira verbal. É essencial fazer perguntas para que a criança possa indicar seus sentimentos ou desejos, mas jamais responder por ela.
Exemplo: “Você quer o brinquedo?” ou “Você está com sono?”
Ao presenciar uma mordida, evite reações excessivas ou sermões prolongados. Abaixe-se para ficar na altura da criança e, de forma firme, diga: "Isso dói!" ou "Não pode!". Estimule a criança a pedir desculpas ao colega. Quanto à criança que foi mordida, nunca incentive o revide. Ajude-a a expressar a dor que sentiu, ensinando-a a se comunicar e a resolver o conflito de forma saudável. Com o tempo, ela aprenderá a se defender adequadamente dos colegas.
À medida que a criança cresce e sua capacidade de fala se desenvolve, a frequência das mordidas tende a diminuir, sendo substituída pela linguagem verbal. Nesse momento, ela também começa a sair da fase oral, à medida que suas habilidades de comunicação se tornam mais eficazes.