Embora já tenha abordado este tema em outras postagens, nesta discutirei especificamente a atitude mais apropriada a ser tomada quando uma criança apresenta comportamentos como gritar, espernear e se jogar no chão. Esses comportamentos são comuns no contexto da Educação Infantil, pois as crianças pequenas estão em uma fase de descobertas, testando suas possibilidades e estabelecendo os primeiros limites entre o certo e o errado.
Exemplo Prático: O Caso de Pedrinho (2 anos e 10 meses)
Pedrinho é uma criança de 2 anos e 10 meses que apresenta comportamentos disruptivos a cada 30 minutos aproximadamente, como gritos, choros e atitudes de se jogar no chão. Esses episódios desviam a atenção dos demais alunos, tumultuam o ambiente e interrompem o andamento das atividades.
Ao analisar o comportamento de Pedrinho, podemos observar que ele está além dos padrões de comportamento esperado para a sua faixa etária. Nesse caso, é necessário adotar uma abordagem estratégica para lidar com a situação e identificar as causas desse comportamento.
Possíveis Causas para o Comportamento de Pirraça
Existem várias razões pelas quais uma criança pode adotar esse tipo de comportamento. A abordagem inicial deve envolver a análise das causas mais simples e, caso o comportamento persista, deve-se indicar a intervenção terapêutica mais adequada. O diálogo constante entre a casa e a escola é fundamental, pois quanto mais informações tivermos sobre o contexto da criança, maiores são as chances de identificar a causa do comportamento e, consequentemente, determinar a melhor abordagem.
A seguir, listo algumas situações que podem justificar a pirraça:
Fase de Teste de Limites: Crianças nesta faixa etária estão constantemente testando seus limites com os pais e educadores. A falta de limites claros e consistentes pode contribuir para o desenvolvimento desse comportamento.
Mudanças ou Problemas no Ambiente Familiar: Quando há novidades ou problemas em casa, a criança, muitas vezes, não consegue expressar suas emoções de forma adequada, e isso pode se manifestar através de pirraças. Frequentemente, o comportamento é uma tentativa de chamar a atenção.
Fatores Físicos: Fome, cansaço e sono insuficiente são gatilhos comuns para crises de pirraça, pois as crianças pequenas têm uma regulação emocional ainda em desenvolvimento.
Mal-estar Físico: Quando a criança não está se sentindo bem fisicamente, como por exemplo, quando está com náusea ou algum outro desconforto, ela pode recorrer a pirraças como forma de expressar o mal-estar.
Problemas Comportamentais ou Emocionais: Embora menos comuns, distúrbios comportamentais, emocionais ou neurológicos também podem ser a causa do comportamento desafiador.
O Caso de Pedrinho: Análise e Intervenção
No caso de Pedrinho, a principal causa de seu comportamento de pirraça está relacionada ao teste de limites. Toda vez que ele se sente frustrado ou contrariado, reage com gritos e atitudes descontroladas. Em casa, a mãe de Pedrinho sente-se culpada pela sobrecarga de trabalho e acaba cedendo a todas as suas vontades. Isso resultou em um hábito de Pedrinho, que se acostumou a conseguir o que quer por meio da manipulação emocional, expressando frustração com gritos e pirraças, acreditando que esse comportamento o ajudará a alcançar seus objetivos.
Para lidar com a situação, foi acordado que a mãe de Pedrinho começaria a estabelecer limites mais firmes em casa, não cedendo às suas vontades de forma excessiva. Na escola, a mesma postura seria adotada. É importante destacar que, em situações como essas, a explicação racional sobre os motivos pelos quais algo é negado é fundamental. O educador deve comunicar claramente à criança que as negativas estão sendo feitas com o intuito de zelar por sua integridade física e emocional.
Intervenção e Gestão do Comportamento
Em casos como o de Pedrinho, pode ser necessário deixar a criança expressar sua frustração por um tempo, desde que em um ambiente seguro. Isso permitirá que a criança perceba que nem sempre ela conseguirá tudo o que deseja por meio de comportamentos disruptivos. É essencial que, ao longo desse processo, o educador incentive a criança a se comunicar verbalmente, sem recorrer ao choro ou aos gritos.
Conclusão: A Importância do Diálogo entre Família e Escola
O diálogo entre a família e a escola é crucial para o sucesso da intervenção. A paciência, o acompanhamento constante e a avaliação dos comportamentos são fundamentais para a resolução de desajustes comportamentais na infância. Quando necessário, é importante que os educadores encaminhem a criança para um profissional especializado, garantindo o suporte adequado ao seu desenvolvimento emocional e comportamental.