O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por dificuldades nas interações sociais, no domínio da linguagem para comunicação e por comportamentos restritivos e repetitivos. Este transtorno afeta aproximadamente 1% da população mundial.
Existem diversos estudos sobre as causas do autismo, e algumas possíveis origens incluem:
- Dinâmica familiar disfuncional;
- Fatores psicológicos;
- Fatores genéticos e biológicos.
Os sintomas do autismo podem ser detectados já nos primeiros meses de vida. Crianças com o transtorno frequentemente apresentam, a partir do segundo mês, uma redução na capacidade de manter contato visual com outras pessoas ou objetos. O diagnóstico geralmente ocorre entre os dois e três anos de idade, e é essencial observar certos sinais precoces:
- Ausência de linguagem verbal e gestual;
- Falta de demonstração de comportamentos afetivos;
- Dificuldade para interagir com outras pessoas.
No consultório, uma das queixas mais comuns dos pais é: "Meu filho parece surdo, chamo-o e ele não olha nem responde, fica andando de um lado para o outro, como se estivesse desconectado da realidade."
O autismo é considerado um transtorno crônico, com diferentes graus de comprometimento:
- Níveis mais leves, como a Síndrome de Asperger, não apresentam comprometimento significativo da fala ou da inteligência. Nestes casos, podem ser observadas habilidades desenvolvidas em áreas como música, matemática, memorização e desenho, com um prognóstico geralmente favorável;
- Casos mais graves, nos quais o paciente tem dificuldades significativas em manter qualquer tipo de contato interpessoal;
- Casos severos, onde a criança pode apresentar comportamentos destrutivos, agressivos e forte resistência às mudanças.
É importante notar que cerca de 70% dos indivíduos com autismo também apresentam algum grau de deficiência intelectual. Portanto, um diagnóstico preciso é fundamental para identificar as deficiências e as potencialidades de cada criança.
Tratamento e Reabilitação
Devido à grande diversidade de manifestações do autismo, não é possível estabelecer um tratamento padrão. Cada criança deve ser analisada individualmente, e o plano terapêutico deve ser adaptado conforme as funções afetadas. O tratamento deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, considerando que as necessidades do autista abrangem diversas áreas de desenvolvimento.
Em alguns casos, o uso de medicamentos pode ser necessário para atenuar sintomas e facilitar os processos terapêuticos, especialmente quando há complicações neurológicas associadas. Além disso, o processo educacional desempenha um papel fundamental, pois, quando combinado com tratamentos adequados, pode promover melhorias significativas no desenvolvimento da criança.
Os principais tratamentos utilizados incluem:
PECS (Picture Exchange Communication System - Sistema de Comunicação por Troca de Figuras): Utiliza imagens claras e simples, que são combinadas com símbolos, figuras e fotos, permitindo uma comunicação individualizada. A criança aprende a trocar uma imagem por algo que deseja, e este sistema deve ser complementado pela fala do adulto. O PECS facilita a comunicação e a interação social do autista.
ABA (Applied Behavior Analysis - Análise Aplicada do Comportamento): Este método visa modificar comportamentos inadequados e repetitivos por meio de reforços positivos. A ABA trabalha a mudança de comportamento e auxilia a criança a aprender condutas adequadas, promovendo uma maior independência e integração social.
TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Communication Handicapped Children - Tratamento e Educação de Autistas e Crianças com Deficiência de Comunicação): Foca no uso de recursos visuais e na estruturação do ambiente. A criança autista adquire conceitos através de imagens e outros sinais visuais, como objetos, fotos e palavras, que funcionam como uma orientação para suas ações no cotidiano.
Dicas Práticas para o Processo de Aprendizagem de Crianças Autistas
Alguns procedimentos podem ser implementados no dia a dia da criança autista para facilitar seu processo de aprendizagem e reduzir os impactos do transtorno:
- Estabelecer uma rotina estruturada: A rotina é essencial para proporcionar segurança à criança autista, que tende a se beneficiar de um ambiente previsível;
- Contato com a natureza: Promover experiências sensoriais, como o contato com a chuva, vento, árvores e animais, pode ajudar a criança a perceber melhor o seu ambiente;
- Vivência prática do aprendizado: Permitir que a criança experimente na prática o que está sendo ensinado verbalmente facilita a assimilação e melhora sua interação com o tema abordado;
- Música: A música tem um efeito calmante e favorece a criação de associações, facilitando o processo de memorização e aprendizado;
- Reconhecer as dificuldades e as habilidades: É fundamental considerar o nível de desenvolvimento da criança, para criar propostas educacionais compatíveis com suas capacidades cognitivas, emocionais e psicomotoras. Isso aumentará as chances de sucesso no processo de ensino-aprendizagem.
Distinção entre Autismo e TDAH
É importante destacar que os sintomas do autismo podem ser confundidos com os sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), uma vez que as crianças autistas, muitas vezes, apresentam agitação e inquietação, o que pode gerar dúvidas no diagnóstico. Embora seja possível que uma criança autista também tenha TDAH, essa combinação não é comum. Portanto, é essencial que o diagnóstico seja realizado por um profissional capacitado, que seja capaz de realizar uma avaliação diferenciada para esclarecer o quadro clínico.