Até o momento, a atenção dos pais estava voltada para o primogênito. Com a chegada de um irmãozinho, surgem muitas novidades e a dinâmica familiar sofrerá uma reconfiguração. Esse novo arranjo pode ser bem-sucedido, desde que seja conduzido com sensibilidade e cuidado pelos pais.
É sabido que os recém-nascidos necessitam de atenção especial, mas isso não implica na necessidade de abrir mão do que já existia anteriormente. A faixa etária do primogênito pode desempenhar um papel fundamental na adaptação a essa nova realidade, uma vez que cada etapa do desenvolvimento infantil apresenta características próprias, algumas das quais podem entrar em conflito com as necessidades específicas que a chegada de um irmãozinho exige.
Apesar das dificuldades, essa fase também proporciona muitos aspectos positivos. A relação entre irmãos oferece oportunidades para que a criança desenvolva diversas habilidades socioemocionais, como compartilhar, cuidar e colaborar. Até mesmo os conflitos entre eles podem ser educativos, pois ensinam a resolver problemas e buscar soluções adequadas. O relacionamento fraterno, portanto, constitui uma preparação para a vida adulta.
Um aspecto relevante dessa interação é a habilidade de um irmão colocar-se no lugar do outro. A interação entre pessoas com quem temos vínculos afetivos nos permite pensar e sentir de maneira mais empática, promovendo uma reflexão sobre nossas ações e melhorando nossa capacidade de interação social, sem comprometer os valores fundamentais.
Para que esse período de transição ocorra da melhor forma possível, é importante estar atento a algumas questões. A seguir, listo procedimentos que podem facilitar esse processo:
Preserve momentos a sós com o primogênito: é importante manter a conexão afetiva exclusiva com o filho mais velho, criando um espaço para ele.
Mantenha a rotina do primogênito: qualquer alteração na rotina pode ser associada, de forma equivocada, à chegada do irmão, gerando insegurança.
Inclua-o nas atividades do dia a dia: envolva o primogênito nas tarefas relacionadas ao bebê, evitando que ele crie fantasias sobre o irmão.
Atribua responsabilidades: delegue pequenas tarefas ao primogênito, como ajudar a cuidar do irmão, para que ele se sinta importante e produtivo dentro dessa nova configuração.
Inicie o processo de adaptação desde a gestação: explique ao primogênito o que está por vir, deixe-o acompanhar os preparativos, como a escolha do nome e a decoração do quarto do bebê.
Permita que ele ajude nas tarefas diárias: deixe que o primogênito participe de momentos como o banho, a troca de fraldas e até mesmo o momento da amamentação, o que pode diminuir sua ansiedade e facilitar a aceitação dessa nova fase.
Continue demonstrando afeto: apesar das novas demandas, é fundamental continuar expressando amor por meio de gestos como beijos, abraços e carinho.
Estimule uma relação de amizade e parceria: evite criar cenários de rivalidade entre os irmãos e promova a colaboração.
Evite a comparação excessiva: cada filho tem suas necessidades e ritmos. Assemelhar constantemente a vida de um filho à do outro pode gerar frustrações, ciúmes e inseguranças. É importante reforçar que ambos terão suas próprias experiências, oportunidades e desafios.
Este arranjo familiar, se bem conduzido, pode ser altamente produtivo e benéfico. Após essa fase inicial de adaptação do primogênito, os laços entre os irmãos se fortalecerão, e o ambiente familiar se tornará mais harmonioso, propiciando o desenvolvimento de bons sentimentos e a acomodação emocional de todos os membros da família.
