Desde o nascimento, uma das palavras mais ouvidas pela criança é "mamãe". Quem é a mãe? Ela é aquela que cuida, protege e ama. Dentre as diversas responsabilidades que envolvem o cuidado materno, estão as tarefas cotidianas, como dar banho, alimentar, colocar para dormir, levar à escola, brincar, entre outras. Algumas famílias, por questões diversas, recorrem à ajuda de terceiros para desempenhar essas funções diárias, como uma empregada doméstica, babá, tias ou avós.
O fato é que, ao longo dessa rotina, a criança pode acabar associando o cuidado fornecido pela mãe àqueles realizados por outros membros da família ou cuidadores, gerando uma confusão quanto ao verdadeiro papel e significado da palavra "mãe". Nesse contexto, é fundamental que os cuidadores colaborem na tarefa de esclarecer para a criança qual o papel de cada figura em sua vida. Quando a estrutura familiar está bem organizada, é possível lidar com esses equívocos de forma mais fluida, uma vez que há a certeza do amor incondicional da mãe.
Entretanto, existem situações que vão além de uma simples confusão de papéis. Em alguns casos, a presença da figura materna é de fato deficiente, e a criança acaba formando um vínculo afetivo com o cuidador, transferindo a este os atributos da figura materna. Um exemplo comum ocorre quando crianças cuidadas e educadas pelas avós passam a chamá-las de "mãe", e, mesmo após uma compreensão clara sobre o papel de cada membro da família, continuam a se referir à avó dessa maneira. Neste caso, a criança estabeleceu um vínculo afetivo profundo com a avó, que se tornou sua referência maternal. Não podemos simplesmente romper esse vínculo sem considerar as dinâmicas familiares. Para tanto, é necessário que haja um ambiente familiar saudável e disposto a mudanças, pois, se a criança recorreu à avó como figura de apego, isso ocorreu porque ela era a única pessoa disponível para preencher essa função afetiva.