Meu filho chama a babá de mãe

Por que uma criança chama a babá de mãe?

Sempre que sou questionada sobre essa situação, costumo esclarecer que não realizo julgamentos, pois acredito que, no fundo, cada família possui seus próprios motivos para que isso aconteça. Cada uma, por razões distintas, compreende o que está por trás desse comportamento, mas, no geral, elas têm plena consciência disso. O que proponho aos pais, então, é uma reflexão: isso realmente os incomoda? Se a resposta for positiva, qual é a estratégia que pretendem adotar?

Desde o nascimento, uma das palavras mais ouvidas pela criança é "mamãe". Quem é a mãe? Ela é aquela que cuida, protege e ama. Dentre as diversas responsabilidades que envolvem o cuidado materno, estão as tarefas cotidianas, como dar banho, alimentar, colocar para dormir, levar à escola, brincar, entre outras. Algumas famílias, por questões diversas, recorrem à ajuda de terceiros para desempenhar essas funções diárias, como uma empregada doméstica, babá, tias ou avós.

O fato é que, ao longo dessa rotina, a criança pode acabar associando o cuidado fornecido pela mãe àqueles realizados por outros membros da família ou cuidadores, gerando uma confusão quanto ao verdadeiro papel e significado da palavra "mãe". Nesse contexto, é fundamental que os cuidadores colaborem na tarefa de esclarecer para a criança qual o papel de cada figura em sua vida. Quando a estrutura familiar está bem organizada, é possível lidar com esses equívocos de forma mais fluida, uma vez que há a certeza do amor incondicional da mãe.

Entretanto, existem situações que vão além de uma simples confusão de papéis. Em alguns casos, a presença da figura materna é de fato deficiente, e a criança acaba formando um vínculo afetivo com o cuidador, transferindo a este os atributos da figura materna. Um exemplo comum ocorre quando crianças cuidadas e educadas pelas avós passam a chamá-las de "mãe", e, mesmo após uma compreensão clara sobre o papel de cada membro da família, continuam a se referir à avó dessa maneira. Neste caso, a criança estabeleceu um vínculo afetivo profundo com a avó, que se tornou sua referência maternal. Não podemos simplesmente romper esse vínculo sem considerar as dinâmicas familiares. Para tanto, é necessário que haja um ambiente familiar saudável e disposto a mudanças, pois, se a criança recorreu à avó como figura de apego, isso ocorreu porque ela era a única pessoa disponível para preencher essa função afetiva.