Por que na escola meu filho faz tudo e na minha frente não?

Muitas mães frequentemente questionam: "Por que meu filho se comporta tão bem na escola, mas, quando estou presente, não faz o mesmo?" Essa dúvida é comum em ambientes educacionais e desperta diversos sentimentos nos pais, que variam de desconfiança (será que ele realmente se comporta bem na escola ou estão mentindo para mim?) até tristeza e frustração.

Esse comportamento da criança pode se manifestar de diversas formas. A seguir, exemplifico algumas situações:

  • Comportamento alimentar: Algumas crianças comem normalmente na escola, mas recusam-se a comer em casa. Já precisei chamar mães para observar seus filhos comendo discretamente, pois não acreditavam nas informações da escola. As crianças, muitas vezes, utilizam chantagem emocional, especialmente com a mãe, como uma forma de chamar a atenção e mantê-la por mais tempo ao seu lado. Quanto mais percebem a preocupação dos pais com relação à alimentação, mais reforçam esse comportamento.

  • Comportamento relacionado ao sono: Algumas crianças dormem durante o período da tarde na escola, mas recusam-se a dormir em casa. Esse comportamento pode estar relacionado ao desejo de permanecer acordado para brincar com os pais. Vale lembrar que, devido à vida corrida dos dias atuais, muitas crianças só conseguem passar mais tempo com os pais durante os finais de semana, o que intensifica o desejo de interação durante o horário noturno.

  • Apresentações escolares (festas): Outra situação comum ocorre quando a criança faz tudo corretamente na escola, mas, na hora da apresentação, começa a chorar e busca o colo dos pais. Existem duas possíveis causas para isso: a primeira é que a criança se sente intimidada pela quantidade de pessoas estranhas presentes no evento; a segunda, mais complexa, refere-se à pressão interna que a criança sente ao perceber as expectativas de seus pais em relação à perfeição. Muitos pais, em sua busca por um desempenho perfeito, acabam transmitindo essa cobrança aos filhos. Como resultado, as crianças se sentem avaliadas e temem decepcionar seus pais, o que pode levar à recusa em participar do evento.

Essa situação pode gerar desconforto para todos os envolvidos. Os professores, que desenvolveram todo um trabalho para preparar a criança para o evento, podem se sentir desanimados, mas compreendem que esse comportamento faz parte do processo de desenvolvimento infantil. Por outro lado, os pais podem ficar frustrados, pois esperam ansiosamente pela participação de seus filhos nas apresentações, o que pode causar um impacto emocional negativo na criança.

É importante observar que o que ocorrer após o evento definirá a resposta da criança. Alguns pais, apesar da frustração, conseguem separar seus sentimentos e demonstram apoio, encorajando a criança para futuras apresentações. Essa abordagem ajuda a criança a se sentir acolhida, menos culpada e mais confiante.

No entanto, outros pais podem reagir com aborrecimento, expressando descontentamento com o comportamento da criança. Nesse caso, a criança se sente ainda mais insegura e, como resultado, pode desistir de tentar em futuras situações. É fundamental entender que, ao expressar insatisfação, os pais podem transmitir a mensagem de que não aceitam a criança como ela é, o que pode prejudicar a autoestima e o desenvolvimento emocional da criança.

Não sou favorável a agir como se nada tivesse acontecido, pois o diálogo é essencial para a construção de uma relação familiar saudável. É necessário encontrar um equilíbrio: podemos expressar nossa tristeza, conversar sobre a situação e buscar entender os motivos da criança, ajudando-a a superar suas dificuldades de forma construtiva.