A importância do limite na infância

Uma das ações mais importantes na educação das crianças é o limite. O que seria da vida sem ele? Até que ponto o ser humano chegaria?
Como ficariam nossos valores morais se não houvesse essa linha que chamamos de LIMITE para dividi-los?

Na tentativa de ajudar pais e educadores, seguem abaixo algumas dicas importantes na hora de dar limites:

1 - Muita calma, paciência e persistência;


2 - Gritos e atitudes extremadas, não levam a nada, muito pelo contrário, deixam a criança mais agitada. Lembro que nesta fase imitam muito os pais, portanto poderão imitar suas reações;

3 - A melhor atitude é explicar calmamente e verdadeiramente o porquê do não;

4 - Se mesmo assim a criança continuar com a birra, fique firme e não volte atrás, é muito importante que a criança perceba a insatisfação dos pais diante de determinado comportamento, às vezes uma "cara feia" é o suficiente para coibir a  ação;

5 - CASTIGO -  Em algumas situações faz-se necessário. Vamos usar o bom senso e perceber em que momentos podemos aplicá-lo.
O castigo a que me refiro é aquele que subtraímos algo da criança, para que ela perceba o comportamento inadequado que teve. Desta forma ele servirá de reforço negativo para as coisas erradas que faz ou fala (principalmente com crianças pequenas, que ainda não conseguem entender racionalmente as situações). Conforme crescem, vão entendendo racionalmente seu comportamento e o motivo pelo qual podem ou não fazer alguma coisa;

6 - O limite deve ser dado na hora da ação, nunca deixe para depois, pois a criança esquece o que fez e poderá relacioná-lo a outro comportamento;

7 - Nunca negocie o "não". Ex: Trocar a birra por um brinquedo, negociar o horário de dormir, oferecendo algum tipo de benefício etc.
Crianças que tiveram uma educação baseada na troca, crescerão com a ideia de que tudo deve ser negociado e/ou trocado;

8 - Uma boa maneira de introduzir limites é através da própria rotina da criança, horários certos para dormir, acordar, tomar banho, comer e brincar. Na verdade, mesmo sem perceber, durante a primeira infância, estamos impondo limites o tempo todo;

9 - Lembro da importância da mesma linguagem, mamãe e papai devem sempre concordar entre si. Caso contrário, os pequenos ficarão confusos e inseguros e não saberão a quem atender, não atendendo ninguém;

10 - Não devemos anular totalmente a opinião da criança, ela poderá ter sua própria opinião, devendo ser levada em consideração dependendo da situação. Muitas vezes a criança está sentindo algo que o adulto não percebe, vale a pena ouvi-la.

Hoje em dia, a maior dificuldade em dar limites está nos próprios pais, durante os meus anos de escola e clínica pude perceber três perfis de comportamento, são eles:

1 - Pais de uma geração que sofreram muito com uma educação voltada para o autoritarismo, e que acham que algumas atitudes podem traumatizar as crianças, na tentativa de mudarem um pouco essa educação que receberam, não conseguem dosar e acabam sendo permissivos demais;

2 - Pais, filhos dessa geração, que pouco limite receberam e que, portanto, não souberam transmiti-lo;

3 - Pais que encontram dificuldade na hora de dizer "não" e de frustrarem seus filhos.

É verdade que na maioria das vezes a criança reage com birras, choros e desespero. Nenhum pai gosta de ver seu filho aos berros ou com uma carinha triste.
Alguns ficam preocupados em desagradá-los, se sentem culpados e temerosos com relação ao amor do filho por eles.
Mas posso garantir que é justamente o contrário. Dar limite significa zelar, cuidar e amar. Por mais que a criança fique aborrecida, com o tempo vai perceber que o "não" significa proteção e quem protege certamente ama.
Em regra geral, adolescentes que não receberam limite na infância, se sentem pouco amados e largados.
O limite é uma demonstração de amor.

O adolescente de amanhã é a criança de hoje. Invista na infância, pois esse é o momento da construção do ser humano.

A criança sem limite faz muita birra, não aceita ser contrariada, acha que todas as suas vontades devem ser feitas, acaba se tornando uma criança infeliz por não ter tudo o que quer. Estava acostumada a receber sempre sim e não consegue ser feliz quando o contrário acontece.
Já no adolescente, as consequências podem ser extremas. Em regra geral acham que podem tudo e que não há limite para nada. Desenvolvem um comportamento agressivo.
Há possibilidade de seguirem para o caminho das drogas, alcoolismo, vandalismo, falta de caráter e desonestidade. Burlam todas as regras e normas.
Também temos aquele que não consegue elaborar as frustrações e acaba desenvolvendo, baixa auto-estima, se considerando incapaz.

Não podemos deixar de lado os aspectos emocionais que giram em torno desta situação, pois na maioria das vezes esse adolescente se sente pouco amado e largado. Age para confrontar seus pais, no sentido de chamar a atenção.

O limite é fundamental no desenvolvimento de todo ser humano, pois é o que permite que o mesmo desenvolva uma noção clara de si na relação com o mundo, até onde se pode ir e quando começa o espaço e o direito do outro.