Transtorno obsessivo-compulsivo na infância

     Li uma reportagem interessante que pode ajudar pais e educadores. Trata-se do Transtorno obsessivo-compulsivo na infância. Levando em consideração toda teoria que já existe a respeito do assunto e as diversas pesquisas na área, uma em especial me chamou muito a atenção.

A relação entre a bactéria estreptococos e o TOC.

     Pesquisadores descobriram que há um grupo de crianças que desenvolvem TOC devido a uma possível falha imunológica. Os anticorpos, em vez de atacarem a bactéria estreptococos, acabam atacando neurônios, deixando o paciente exposto a lesões nos circuitos cerebrais.
Quantas crianças não sofrem de toques, tiques nervosos e distúrbios de movimento, causando preocupação, e levando os pais a procurarem diversos especialistas e submeterem a criança a diversos exames. O estreptococos é uma bactéria que pode causar febre reumática. Como sintomas temos: a infecção na garganta, nas articulações, no coração e no cérebro.
Tendo em vista que os tiques são achados comuns na infância e a infecção por estreptococos também não é de todo impossível, vale ficarmos atentos e quando necessário descartar esta possibilidade, pois uma vez tratados, os sintomas de TOC vão desaparecendo.

     Outro fator que pode contribuir para o surgimento dos transtornos na infância são os padrões familiares.

Pais com comportamento de medo e ansiedade têm grandes chances de ensinar aos filhos padrões semelhantes. Também devemos levar em consideração que estão na fase da imitação e que, portanto ficam mais sujeitas aos processos de repetição.
Determinadas atitudes dos pais poderão deixar a criança mais suscetível ao TOC, pois o transtorno poderá aparecer como consequência do medo e da insegurança. 

     As crianças tem uma tendência a imaginar e fantasiar coisas, que chamamos de pensamento mágico, quando esses pensamentos se tornam repetitivos, poderão ser encarados como um sintoma obsessivo-compulsivo.

Nesse caso é importante constante observação, com o objetivo de avaliarmos até que ponto vão as fantasias ou se há algum toque de realidade na forma como a criança age e fala.
Será esse toque de realidade que dará condições para que a criança se distancie dos pensamentos e perceba as diferenças entre a fantasia e realidade. Isso tudo só será possível com a ajuda de um psicólogo.

     Hoje as pesquisas comprovam que um dos principais fatores para o TOC está associado à hereditariedade, é comum que na mesma família varias pessoas tenham TOC, portanto fiquem atentos a esta questão e ao menor sintoma, procurem orientação.

O que é o Transtorno obsessivo-compulsivo?

     Uma obsessão é caracterizada por um pensamento recorrente, intrusivo, indesejado, que causa ansiedade e desconforto. Podem ser imagens, sons, ruminações, convicções, medos ou impulsos, geralmente causam constrangimento e preocupação, por esse motivo, a pessoa tenta reprimi-los e por mais que tente resistir, a ansiedade aumenta. 

Na tentativa de afastar esses sentimentos, a pessoa se entrega a um mecanismo de fuga chamado compulsão, causando comportamentos repetitivos que despertam temporariamente, uma sensação de alívio e segurança. Para o portador esses rituais impedem que algo ruim ocorra.
Foram observadas quatro modalidades de obsessões e compulsões, podendo o portador apresentar uma ou mais características ao mesmo tempo. São elas:

1 - Obsessões e verificações (preocupação em conferir inúmeras vezes janelas, portas, torneiras, bicos de gás, aparelhos ligados etc.);

2 - Simetria e ordenação (sensação de que algo está errado e preocupação excessiva em manter a exatidão ou alinhamento de objetos, como móveis, roupas, talheres, potes, pratos etc.);

3 - Limpeza e higiene pessoal (rituais de lavagem excessiva, que revelam uma preocupação exacerbada com sujeira, germes e contaminação por bactérias e vírus);

4 - Colecionismo ( a pessoa acumula materiais inúteis, acreditando que um dia poderá precisar deles, como papéis, embalagens, jornais, resto de materiais, latas, cordas etc.).

     O diagnóstico precoce é fundamental para que o transtorno não evolua para um quadro psicótico.

O Transtorno obsessivo-compulsivo poderá seguir por toda vida adulta.

     Na vida adulta o TOC poderá interferir negativamente em diversos aspectos da vida, dificultando os relacionamentos em casa, na escola, no trabalho e em qualquer meio social. Em regra geral o indivíduo com TOC perde as oportunidades da vida, justamente por colocar em primeiro plano as suas obsessões e compulsões, que infelizmente fogem ao seu controle.
Nunca acham que seus rituais estão completamente terminados para seguir com aquilo que realmente tem importância. Os pacientes que sofrem do transtorno acreditam que precisam ser completamente competentes em todos os seus esforços e que, portanto, não podem cometer erro algum por isso são perfeccionistas e conscienciosos.

Não é possível tratar o TOC sem ajuda terapêutica. Quanto mais cedo for diagnosticado, maiores as chances de cura ou melhoria na qualidade de vida do paciente.

Referência


Medeiros, R. "Comportamento Obsessivo". Revista Psique n.85, p. 24-30, 2013