Um tema muito comum nas escolas, diz respeito a passagem de turma.
Como já abordei em outras postagens, é preciso ter muita calma nessa hora,
alguns pais ficam extremamente ansiosos com relação a esse momento, e quando
ele não ocorre na data esperada, causa muita angústia.
Devo lembrar que crianças pequenas em seu
processo de desenvolvimento, podem progredir, regredir ou estagnar em
determinada função, e nem por isso precisamos entrar em pânico. A idade deve
servir como referencia para o desenvolvimento esperado, mas nunca como limite
para que ele aconteça.
Precisamos ter um olhar individual para
cada criança, avaliando todas as suas funções e seu contexto escolar e
familiar.
Existem fatores que podem adiantar ou
atrasar o desenvolvimento dos pequenos, sem trazer prejuízos futuros,
dependendo da forma como são abordados. Nem tudo deve ser considerado um
problema, existem condições que precisam apenas de um ajuste para que fluam
normalmente.
Alguns exemplos de situações que fazem
parte do nosso dia a dia e que podem influenciar no desenvolvimento dos
pequenos, são:
-A chegada do irmãozinho;
-Perda de entes queridos;
-Perda de animalzinho de estimação;
-Mudança de casa;
-Separação e brigas (pais);
-Mudança de escola etc.
Ou qualquer outro evento que de alguma
forma tenha uma repercussão maior na vida da criança. Também devemos levar em
consideração que nem sempre o que afeta uma criança afetará a outra, cada
indivíduo lida de um jeito diante da diversidade de acontecimentos.
Sempre sugiro que procurem um profissional
especializado, no caso de acharem que não estão conseguindo lidar com a
situação.
Estou vivenciando esta situação na
clínica. Mãe de gêmeas, super ansiosa e angustiada porque suas meninas já
fizeram dois anos e não passaram ainda para a turma de maternal 2. Gosto sempre
de ouvir a mãe e a coordenadora da escola para completar minhas avaliações.
As crianças aparentemente estão de acordo
com a faixa etária, sem nenhum atraso cognitivo, emocional ou psicomotor, porém, esta mãe acabou de ter o terceiro filho e suas meninas estão sentindo bastante.
A escola preocupada em fazer essa passagem da melhor forma possível, sem ferir
o dia a dia das gêmeas, resolveu postergar um pouquinho a mudança para o
maternal 2, com o objetivo de acalmar as emoções, mesmo assim a mãe muito ansiosa
não se conforma e já até ameaçou tirar as meninas da escola, caso a mudança não
ocorra.
Estamos trabalhando com essa mãe a
necessidade delas permanecerem mais um pouco na turma de maternal 1.
Devemos levar em consideração que elas
estão vivendo uma nova etapa, com muita novidade e sem a racionalidade para
entenderem exatamente o que está acontecendo. Por mais que os pais se dediquem,
a gente sabe que boa parte do tempo fica voltada para o recém-nascido, que
precisa de muitos cuidados.
Com isso as meninas estão sensíveis,
choram por qualquer coisa, relutam na hora de ir para a escola, não querem
comer etc.
Quando chegam na escola são logo acolhidas
pela professora, querendo muito colo.
Se a escola não levar em consideração a
particularidade que as crianças estão vivenciando e as passar para a turma de
maternal 2, pode ser que essa mudança não ocorra de forma tranquila.
Seriam muitas novidades ao mesmo tempo,
perderiam momentaneamente o referencial na escola (professora, auxiliar e
amigos já conhecidos) para ingressarem numa turma com tudo novo. E em casa
também vivenciando uma perda de referencial (uma nova configuração familiar).
Então, por que não esperar mais um
tempinho até que elas consigam perceber que não perderam o amor dos pais e se
acostumem com este novo modelo familiar?
Neste caso 3 ou 4 meses de espera trarão
muito mais benefícios para a vida das meninas do que simplesmente colocá-las na
nova turma por conta da idade.
A mãe aos poucos aceitou a ideia e
percebeu o que de fato seria melhor para suas filhas.
Quando escolhemos a escola para os nossos
filhos precisamos estar certos de que esta foi a melhor opção e confiar no
trabalho desenvolvido pela escola, em regra geral os profissionais são
capacitados e estão sempre atentos as necessidades dos pequeninos.