Esse comportamento frequentemente causa algum desconforto nos professores e nas famílias, que se veem sem saber como agir para melhorar a convivência.
O que acontece nesse período e como lidar com a situação?
Os primeiros sinais de egocentrismo e egoísmo surgem precocemente e, embora inconscientes, fazem parte do processo normal de desenvolvimento infantil. Quando o bebê nasce, ele não tem uma percepção diferenciada do outro; tudo se confunde, formando uma unidade entre bebê e mãe. À medida que a criança cresce e suas funções cerebrais, cognitivas, emocionais e psicomotoras amadurecem, ela começa a perceber a existência do outro. Contudo, ainda não compreende que as vontades e os pensamentos das outras pessoas podem ser diferentes dos seus, o que resulta em um conflito interno. Esse conflito se expressa em comportamentos que buscam marcar território e chamar a atenção.
Conforme a criança avança em seu desenvolvimento, ela passa a perceber que não pode viver sozinha e que precisa aprender a compartilhar. As diferenças tornam-se claras, e ela começa a entender o conceito de propriedade, distinguindo o que é seu, o que é do outro e o que é coletivo.
Nesse momento, o papel dos pais e educadores se torna fundamental. Nossas ações podem tanto aliviar quanto prolongar essa fase. Já observei dinâmicas familiares que, em vez de mitigar o egocentrismo, o reforçam. Isso ocorre quando os pais adotam uma postura de que tudo deve ser para seu filho e abrem mão de suas próprias vidas para viver exclusivamente em função da criança. Esse ambiente facilita a perpetuação do egocentrismo. Portanto, é importante encontrar um equilíbrio nas nossas ações. Embora o amor, o cuidado e a atenção sejam essenciais, é crucial evitar que a criança tenha a impressão de ser a única no mundo.
Recentemente, uma mãe me procurou extremamente aflita e irritada, pois sua filha pequena estava fazendo escândalos toda vez que ela conversava com outras pessoas. Como agir em situações como essa?
Como lidar com o comportamento egocêntrico?
Não devemos ceder aos ataques egocêntricos. No entanto, gritos, irritação e castigos não são eficazes para resolver a situação. O primeiro passo é ter paciência e lembrar que esse comportamento é apenas uma fase do desenvolvimento. Na maioria dos casos, esse tipo de atitude reflete um grito de socorro da criança, que se sente sobrecarregada por emoções conflitantes. Ajudá-la a entender a importância de dividir e compartilhar, além de explicar de maneira racional e fornecer bons exemplos, são ações que contribuem significativamente para a compreensão do processo.
Vale destacar que educar é uma ação constante, que exige paciência e persistência. Muitas vezes, será necessário repetir o mesmo ensinamento inúmeras vezes. Não devemos esperar resultados imediatos; calma e perseverança são fundamentais no processo educacional.
Quando buscar apoio profissional?
Se os comportamentos egocêntricos e egoístas persistirem após os 3 ou 4 anos de idade, é recomendável buscar aconselhamento psicológico. Nessa fase do desenvolvimento, a criança já deveria ter adquirido uma consciência de sua existência social, e o comportamento excessivamente egocêntrico pode estar associado a questões mais profundas, que merecem ser avaliadas por um profissional especializado.