Assim como as crianças refletem o ambiente familiar, elas também absorvem diversas questões do cotidiano escolar, especialmente os alunos mais jovens. Quando percebo uma turma mais agitada, costumo consultar a professora e a auxiliar para verificar se há algo que precise de atenção. Frequentemente, identificamos dificuldades relacionadas a problemas pessoais, interpessoais ou processos pedagógicos, que resultam em uma desorganização emocional, refletindo nas crianças. Embora essas situações não sejam graves, elas impactam o ambiente emocional da turma.
Dessa forma, é fundamental a presença do psicólogo na escola para mediar tais situações, garantindo a qualidade do trabalho pedagógico e a harmonia na relação aluno-professor. Além disso, devemos lembrar que, assim como cada indivíduo possui características próprias, os grupos também desenvolvem perfis únicos. Isso exige atenção constante aos processos pedagógicos, com avaliações contínuas sobre sua evolução e resultados. Muitas vezes, chegamos à conclusão de que ajustes são necessários. Não se trata de comprometer a identidade da escola, mas de adaptar suas práticas ao perfil específico de cada turma.
No consultório, observo que uma parte considerável das queixas relacionadas a dificuldades de aprendizagem de grau leve está associada a crianças desinteressadas ou ansiosas em relação ao cotidiano escolar. Muitas vezes, há uma tendência a atribuir a responsabilidade diretamente à criança, mas é crucial avaliar todo o seu contexto familiar e escolar, pois nem sempre a dificuldade reside nela.
Quando a escola conta com uma equipe pedagógica qualificada, que tem a flexibilidade de ajustar suas abordagens, é capaz de identificar esses desajustes e implementar as mudanças necessárias. No entanto, em instituições com modelos educacionais rígidos, esses problemas podem se prolongar, gerando consequências negativas no desenvolvimento escolar das crianças.