Há uma certa dificuldade em encontrar o ponto de equilíbrio das ações.
Vamos tentar esclarecer a fase do "NÃO" e ajudar pais e educadores a encontrarem a forma mais adequada para tratar do assunto.
Características da fase:
- A criança se nega a cumprir ordens e pedidos fingindo não ouví-los;
- Mostra-se lenta nas atividades básicas do dia-a-dia, como tomar banho, comer e andar;
- Apresenta resistência física para fazer as coisas. Ex: Não quer dar a mão para a mãe na rua.
Se os pais querem que ela saia do carro, cria uma resistência para sair, faz força com o corpo, se joga no chão, esperneia, chora e berra;
- Apresenta resistência verbal, fala "não" para tudo.
Esta fase aparece em torno dos dois anos, podendo variar de acordo com o desenvolvimento de cada criança.
Nessa idade a criança já adquiriu desenvolvimento psicomotor suficiente para testar seu corpo no espaço físico, também já tem um vocabulário amplo.
O que fazer com tanto conhecimento?
- Testar as possibilidades.
É isso que a criança faz na fase do "NÃO", testa tudo e todos. A fase do "NÃO" faz parte do desenvolvimento infantil, todas as crianças passarão por ela, umas mais outras menos, portanto deve ser encarada da melhor forma possível, com muita paciência e diálogo.
A criança deixa de aceitar e concordar com tudo, com o objetivo de testar a contrariedade. Mesmo que a nível inconsciente, o pensamento é: " O que será que acontece se eu não quiser e se eu não fizer"?
Quando ela aceita tudo, sabe o que vai acontecer, já está acostumada. Na fase do "NÃO" ela quer experimentar o que vai acontecer se ela não concordar. Está também testando a autoridade dos pais e até que ponto ela pode chegar.
Nesse momento temos que conversar com a criança para saber por que ela NÃO QUER e explicar racionalmente porque deve fazer o que estamos pedindo.
É muito importante que pais e professores estejam seguros com relação a sua autoridade, pois nesta fase a criança tem que entender quem está no controle da situação.
Toda criança precisa receber comandos, são eles que norteiam sua vida e que lhe dão segurança. Quando permitimos que a criança nos vença com o "NÃO", perdemos o controle da situação e o que é pior, a criança fica desorientada. Pois mesmo contrariando os pais e professores, há o desejo de aceitar e ela se sente segura, confiante e amada, quando guiamos suas ações. Porque no fundo é isso que esperam dos adultos.
Na escola quando o negativismo está muito presente em uma criança, o ideal é tratar a negação em grupo, sem focar na criança. Faça a criança entender que pertence ao grupo e que suas ações influenciam as outras crianças. Mostre sua responsabilidade com os amiguinhos, deixe a criança cooperar com o grupo, desta forma ela se sente produtiva e tira a negação do foco.
É muito importante que todos passem a mesma informação para a criança. Em casa os pais devem sempre concordar entre sí. Quando um pai diz que sim e o outro diz que não, a criança está recebendo uma dupla mensagem, que vai desorganizar seu pensamento, causando ansiedade, insegurança, irritação, perda de referencial e confusão a respeito do que deve ser feito ou não, do que é certo ou errado. Repito, crianças precisam de comando.
Devemos ficar atentos caso o negativismo permaneça no quarto ano de vida, pois nesse momento a criança já deveria ter mais experiência e compreensão com relação às situações da vida, aceitando racionalmente as questões. Se ela continua recusando o que lhe é oferecido, procure um psicólogo, pois o que antes era apenas uma alteração no comportamento poderá virar um distúrbio de conduta.