Interpretação dos desenhos

O desenho é um forte aliado nas terapias infantis, ajudando profissionais da área a identificarem diversos aspectos emocionais, cognitivos e psicomotores da criança.
Podemos avaliar traços de personalidade, habilidades e interesses. Através do desenho a criança representa seu mundo (casa, escola, família, amigos etc.).
Possibilita-nos identificar momentos de ansiedade, medo, preocupação e felicidade na vida dos pequenos.
Auxilia no diagnóstico de vários distúrbios e transtornos, servindo como instrumento de acompanhamento nos processos terapêuticos.
Mas mesmo com toda a sua importância ele não define tudo, deverá ser interpretado de forma a complementar dados. O profissional precisa reconhecer todos os elementos presentes na vida da criança.
Vou listar algumas dicas, que poderão ajudar pais e educadores a compreenderem alguns aspectos do desenho do seu filho ou aluno.
Lembro que as avaliações cabem apenas aos profissionais da área, portanto, não se aventure nas interpretações, utilize as dicas apenas como orientação.

Resumo das características do desenho nas diversas idades:

- 1 ano e meio - rabiscos desordenados;

- 2 anos - já existe mais controle nos rabiscos;

- 2 anos e meio - já conseguem controlar mais os movimentos das mãos, tornando os traços mais firmes. Como já fazem algum sentido para a criança, os desenhos passam a ter nomes. Nessa idade as crianças começam a sentir prazer em desenhar;

- 3 a 4 anos - o desenho está mais próximo da realidade, gostam de desenhar mamãe, papai, amiguinho, vovó e vovô;

- 5 a 6 anos - o desenho ficará repleto de detalhes, as cores serão utilizadas de forma a corresponder à realidade.

Falarei agora dos espaços, posições, traços, dimensões, pressão e cores do desenho.

- Desenhos que ocupam pequenos espaços do papel podem indicar crianças tímidas e retraídas, já os desenhos que não respeitam o limite do papel, poderão estar relacionados à crianças mais agitadas;

- Todo desenho na parte superior do papel representa a cabeça (intelecto, imaginação e curiosidade), todo desenho na parte inferior do papel representa as necessidades físicas e materiais que a criança possa ter, o desenho do lado esquerdo indica pensamentos relacionados ao passado, do lado direito, pensamentos relacionados ao futuro e no centro do papel o momento atual;

- Traços contínuos indicam criança calma, os apagados, podem indicar crianças impulsivas;

- Formas grandes demonstram segurança, formas pequenas estão geralmente relacionadas com crianças reflexivas, mas podem também indicar insegurança;

- A pressão com que a criança vai segurar no lápis e desenhar, poderá indicar agitação se for forte, falta de vontade ou cansaço se for leve e entusiasmo e vontade se a pressão for normal;

- As cores do desenho também indicarão condições específicas do estado emocional dos pequenos. O vermelho, por exemplo, representa vida, energia e intensidade, o amarelo, curiosidade e alegria de viver, o laranja, necessidade de contato e impaciência. Já o azul indica paz e tranquilidade, o verde representa maturidade, sensibilidade e intuição, o marrom sugere segurança e planejamento e o negro diz respeito ao inconsciente. Desenhos de uma só cor podem denotar falta de motivação ou preguiça.

Com relação às figuras desenhadas, não devem ser interpretadas isoladamente, e sim de forma global, avaliando o desenho como um todo e não item por item. As informações devem ser combinadas com o histórico clínico da criança, com dados obtidos em entrevistas e com a própria visão da criança com relação ao seu desenho.
A interpretação dos desenhos precisa ir além do conteúdo gráfico, devemos levar em consideração gestos e falas ocorridas durante a confecção do desenho.
Desta forma os resultados levarão à uma avaliação psicológica confiável.
Os adultos costumam pensar no desenho como uma atividade livre e que, portanto, não tem a mesma importância que a escrita, mas devo lembrar que a primeira forma de comunicação do ser humano com o mundo se dava através da escrita pictórica, por isso pais e educadores poderão utilizar os desenhos como aliados em suas observações e avaliações.