Pirraça - Um caso

    Hoje eu gostaria de compartilhar uma situação que pode acontecer no dia a dia de muitos pais e educadores. 
Uma criança de 4 anos, foi contrariada em suas vontades e em reação, jogou-se no chão e falou para a professora que bateria nela. Obviamente caso não fosse atendida em suas vontades.
A professora muito preocupada com a integridade física da criança colocou-a no colo e tentou conversar. Durante toda a conversa a criança se debatia com uma força capaz de machucar a professora e a si mesma. Quando cheguei o quadro era de total estresse, a professora com cara de apavorada tentando segurar a criança para que não se machucasse, mas já  num nível de exaustão e a criança totalmente desorientada e fora de controle. 
A colocamos no chão emborrachado para que ela não se machucasse, neste momento, liberei a professora que precisava se acalmar. Embora a criança estivesse aos berros, mantive um tom de voz baixo e expliquei que entendia a chateação dela, mas que não sairíamos da sala até que ela se acalmasse, a todo momento eu pedia que ao invés de chorar, que ela falasse o que estava sentindo, mas como estava totalmente desregulada emocionalmente, não conseguia absorver o que eu falava. Esse momento durou aproximadamente uns 15 minutos. Quando saímos da sala mostrei tudo que ela havia perdido por conta da pirraça. Neste momento, sentiu-se entristecida, e percebemos que de alguma forma ela compreendeu o que fez. 

    Acho importante trazer esse tipo de exemplo, pois tenho recebido demandas específicas relacionadas a pirraças, tanto na escola como na clínica.
Esse tipo de comportamento pode representar uma série de questões, por isso, insisto na importância de identificarmos o quanto antes, algumas características comportamentais, com o objetivo de orientar a família e se necessário, indicar a criança para uma avaliação psicológica.
Assim como uma febre, pode ser apenas um dente nascendo, também pode significar sintomas de doenças mais severas, e cabe ao médico fazer uma avaliação detalhada dos sintomas da criança, para concluir seu diagnóstico.
O mesmo acontece com as reações comportamentais e emocionais, quando a criança apresenta um comportamento como este, pode ser apenas uma pirraça descontrolada pertinente a faixa etária, mas também, pode significar que algo não vai bem.
Então é preciso uma avaliação detalhada de todos os aspectos que cercam esta criança, seu dia a dia escolar, em casa, relacionamentos, comportamentos, níveis de ansiedade, desenvolvimento etc.
Em uma situação como esta, os pais devem sempre ser chamados para uma conversa, com o objetivo de contribuírem com dados e participarem das intervenções. Normalmente quando a criança persiste com determinado comportamento que os professores julguem inadequado, a escola faz a indicação de um profissional da área.